Associação entre Dismenorreia Primária e Funcionalidade em mulheres adultas: um estudo transversal
Palavras chaves: Dismenorreia; Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde; Saúde da mulher.
Introdução: Na literatura, até onde sabemos não há estudos que avaliem a funcionalidade ou as deficiências associadas à dismenorreia primária (DP) em nenhuma faixa etária. Além disso, os estudos que abordam a dismenorreia, restringem-se às adolescentes ou mulheres adultas jovem. Objetivo: Analisar se a dismenorreia primária está associada a deficiências para realização de atividades e participação em mulheres adultas. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal realizado com mulheres adultas com recrutadas junto aos serviços básicos de saúde. A DP foi mensurada por meio do auto relato e o World Health Disability Assessment Schedule (WHODAS2.0) avaliou a deficiência. A Numerical Pain Rating Scale and International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), versão curta, avaliaram a dor e nível de atividade física, respectivamente. Testes de diferença de mediana, teste de Mann Whitney , medidas de tamanho de efeito e intervalo de confiança 95% analisaram associações entre os grupos com e sem DP e os escores do WHODAS. A significância estatística foi determinada quando p < 0,05. Resultados: Das 136 mulheres incluídas, 54% apresentavam DP. Entre as mulheres com e sem DP, observou-se diferença no domínio relações interpessoais, com efeito pequeno (η2 = 0,012). A intensidade média da dor, no período de crise, neste estudo foi de 6,10±2,57, as mulheres que apresentaram queixas dolorosas graves se associaram à maiores dificuldades nos domínios mobilidade (p=0,003) e participação (p=0,030), com tamanho de efeito moderado (η2 = 0,115) e (η2 = 0,063), respectivamente. A maioria das mulheres afirmou que os quadros álgicos perduram por três ou mais dias. Essa duração do quadro álgico apresentou pequeno efeito no domínio participação (η2 = 0,021). Resultado: Foram incluídas no estudo 136 mulheres, dessas 53,7% apresentavam dismenorreia primária. Na comparação entre os grupos em relação a pontuação dos domínios do WHODAS. Observou-se diferença entre os grupos no domínio relações interpessoais (η2 = 0,012). A intensidade média da dor, no período de crise, foi de 6,10±2,57 e 43,8% relataram sentir dor grave. No presente estudo, queixas dolorosas graves se associaram a maiores dificuldades nos domínios mobilidade (p=0,003) e participação (p=0,030) das mulheres. A maioria das mulheres (65,7%) afirmou que os quadros álgicos perduram por três ou mais dias. Contudo, a variável duração do quadro álgico esteve associada apenas a pequena dificuldade no domínio participação (η2 = 0,021), em mulheres com crises que duram 3 dias ou mais. Conclusão: A dismenorreia primária em mulheres adultas esteve associada a maior deficiência. Mulheres com crises mais intensas (dor grave), apresentaram maior deficiência para os domínios mobilidade, cognição e participação, quando comparadas às mulheres com queixas leves ou moderadas. A duração da dismenorreia por mais de 2 dias impactou negativamente na participação dessas mulheres