A ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA SOBRE O CÓRTEX PRÉ-FRONTAL DORSOLATERAL MELHORA A DOR E O ESTADO DE HUMOR NA DOENÇA RENAL TERMINAL: UM ESTUDO CONTROLADO RANDOMIZADO
Estimulação transcraniana por corrente contínua, hemodiálise, córtex pré-frontal dorsolateral, dor crônica, depressão, ansiedade
Introdução: A doença renal crônica (DRC) é um importante problema de saúde pública mundial com aumento significativo a cada ano e prevalência estimada em 10% da população mundial. Pacientes em doença renal terminal (DRT) em hemodiálise tem alta prevalência de dor crônica moderada a intensa, com uma estimativa de 50 a 80%. A dor crônica na DRT é subtratada e negligenciada, interferindo negativamente na qualidade de vida, humor e funcionalidade. Técnicas complementares para o controle da dor são sugeridas para essa população e a estimulação não invasiva pode ser um vantajoso recurso. A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) é uma técnica de neuromodulação não invasiva aplicada através de eletrodos acoplados no couro cabeludo em áreas específicas de acordo com o objetivo a ser alcançado. A ETCC é preconizada para o tratamento coadjuvante de distúrbios físicos e comportamentais, reduzindo sintomas depressivos, ansiedade e dor. Objetivos: O estudo tem como objetivo avaliar o efeito da ETCC anódica sobre o córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo (CPFDL) sobre a dor (desfecho primário), ansiedade e depressão em pacientes com DRT submetidos à hemodiálise. Material e métodos: Foi conduzido um ensaio clínico duplo-cego, paralelo, randomizado e sham-controlado no Centro de Nefrologia Santa Rita na cidade de Santa Cruz, Rio Grande do Norte. Foram realizadas 10 sessões não consecutivas de ETCC com 2mA por 20 min e montagem F3/Sp2 (eletrodo ânodo no CPFDL esquerdo e cátodo na área supraorbital contralateral). A dor (Escala Visual Analógica – EVA) foi avaliada em linha de base, no primeiro e décimo dia de ETCC e no follow-up de 7 dias. A ansiedade (Escala de Ansiedade de Hamilton) e depressão (Inventário de Depressão de Beck) foram avaliadas em linha de base e após a intervenção. Após o teste de ANOVA, foi encontrada uma interação significativa entre grupo e tempo para a dor, F(3,54) = 10,220, p = 0,0005, parcial η2 = 0,362. Também foi possível observar a interação do tempo, F(3,54) = 34,787, p = 0,0005, parcial η2 = 0,659. O teste de ANCOVA mostrou uma diferença significativa entre os grupos para ansiedade, F(1, 17) = 5,915, p < 0,02, parcial η2 = 0,258 e uma tendência de queda para depressão F(1, 17) = 4,426, p = 0,05, parcial η2 = 0,207. Conclusão: Sugere-se que a ETCC anódica sobre o CPFDL pode melhorar a dor e o estado de humor na DRT. Esta nova abordagem traz novas perspectivas para o tratamento adjuvante da dor e distúrbios do humor na DRT. Estudos futuros são sugeridos para avaliar os efeitos a longo prazo nesta população.